Gavetas

Esta é uma coletânea de desenhos e textos feitos e publicados na internet entre 2003 e 2006. Mantive aqui o me pareceu sobreviver ao teste do tempo, e continua divertido. 

A maioria das ilustrações foi feita "em trânsito", usando sempre meia folha de papel sulfite, tamanho que poderia caber dentro do caderno ou no meio da agenda e oferecia fugas breves e necessárias no meio da pesada rotina de trabalho ou de aulas enfadonhas.

Os textos, pequenas ficções, apareciam naturalmente, em geral fruto das estimulantes e engraçadíssimas conversas com os amigos em casa e no CV da faculdade. Agradeço a eles por isso.


Enfim, tempos de mau humor e bom humor.




Hannibal aos 90 – enredo para filme






Aos 93, Hannibal Lecter muda-se para um lugar ensolarado, por recomendação médica. Consegue um apartamento refinadamente mobiliado em Copacabana, de frente a uma apetitosa passarela de banhistas, cujo movimento aprecia toda manhã, sentado na confortável cadeira de rodas que ocupa a contragosto. A dieta pouco saudável e rica em príons que Hannibal manteve durante toda a vida cobrou impiedosamente seu preço, e seria ainda pior se não fosse por Calcilene, uma mulata fornida que o ajuda a se vestir, esvazia sua bolsa coletora e deixa que ele chupe seus dedos do pé (a gengiva faz cócegas).
Calcilene (Lene) gosta de ir ao Forró do Ademir nas folgas, mas passa a ser freqüentemente assediada por um desagradável senhor que usa sempre a mesma gravata de palmeira, chega sempre suando muito e pergunta “machucou, meu anjo?”.
A pressão de Hannibal (Rení, como ela o chama) vai a 14 por 10 quando ela relata as grosserias. “E o lencinho pra limpar a testa então, seu Rení! Ai, ninguém merece, a testa alumiando suada”.
No dia combinado pelos dois, Lene leva Claudemir até em casa, quando entram na sala escura Hannibal salta da cadeira com inacreditável vigor, Lene admira através das lentes dos óculos de visão noturna as estrelinhas nos olhos do seu Rení, mastigando o calcanhar do estranho com a boca desdentada. A pá atinge Claudemir antes de ele terminar de dizer “Pô princesa, tira este cachorro daq...”.
Quando Lene acende a luz percebe uma onda de repulsa percorrer o patrão quando vê a camisa estampada e o cabelo estilo combover de seu convidado. Lene limpa as peças e divide tudo nas tupperware, congela as partes melhores e joga fora os miúdos. “Humpf, bem que esse porcão dava uma feijoada, hein seu Rení”. Hannibal ri na cadeira de rodas, chacoalhando o soro.
Para comemorar, Lene serve uns figos secos, bem misturadinhos com água, através da sonda de alimentação. Ficam guardados num pote bonito escrito chère Clarisse.





FranCISco CuOco



Waleska estava arrumando Pedrinho para ir à escolinha, como todos os dias. Estranho, Pedrinho geralmente falava como um papagaio, naquele dia estava quieto.
-Tudo bem, meu amor? – disse Waleska, penteando o cabelinho dele com carinho.
-FranCISco CuOco!
-O quê, meu bem?...
-FranCISco CuOco!
   No começo Waleska achou graça, achou que o marido tinha combinado uma brincadeira com o filho, depois do terceiro dia só chorava, achava que o filho tinha enlouquecido. O marido, filósofo, tirou férias da faculdade onde lecionava, preferiu esconder sua cara de perplexidade em casa. E Pedrinho continuava na dele, brincava das mesmas coisas, parecia o mesmo de sempre. Chegou até a ir à escola (talvez fosse falta dos amiguinhos). Pouco depois a direção ligou, pedindo para buscar o garoto, que caçoava da professora respondendo a todas as perguntas dela gritando o nome de um ator, dando ênfase nas sílabas do meio.
   A mãe levou em psicólogo, pedagogo, benzedeira. O pai tentou Deleuze, Foucault, Saussure. Nada.
   Os parentes e vizinhos começaram a comentar, e a história se espalhou, os pais não toparam ir ao Faustão, mas conseguiram que o ator viesse ver o menino, e conseguiram uma promessa da emissora de que a cobertura seria discreta. No dia combinado um enxame de luzes e câmeras acompanhou os dois pais pálidos que entregavam o menino ao ator, todo sorrisos.
   O eufórico menino de três anos, suspenso no colo do velho galã, batia as mãozinhas espalmadas no rosto dele.
- FranCISco CuOco! FranCISco CuOco! FranCISco CuOco!
   Francisco maravilhado com o fã mirim. Pedrinho então mudou de expressão, chegou o rosto perto do ouvido dele e disse:
- Aquela balada muito louca na casa do Maia, em 74...
   Os olhos de Francisco se encheram de horror, não tinha como ninguém saber aquilo, ninguém. E Pedrinho disse outras coisas que ele tinha feito, coisas que ele ainda ia fazer, tudo.
- ...e evita número ímpar, e coisa bege.
   Fez um afago na cabeça de Francisco, que o pousou devagar no chão. Correu para os pais e voltou para casa, normal. Francisco saiu quieto, na direção oposta.






Para imprimir e colar no seu laboratório










Está passando agora, na porta da sua casa...

...a maravilhosa, a saborosa, a deliciosa, a inigualável, a fausta, a portentosa, a exuberante, a melíflua, a ululante, a óbvia, a tântrica, a suprema, a tonitruante, a insondável, a inebriante, a esguia, a lúbrica, a piedosa, a bíblica, a justa, a sábia, a imaculada, a cósmica, a transcendente, a casta, a hipnótica, a exata, a malemolente, a mística, a nababesca, a soberba, a magnífica, a verdadeira , a sensata, a pantagruélica, a augusta, a reta, a parcimoniosa, a helênica, a imortal, a arguta, a magnânima, a tremenda, a infinita PAMONHA DE PIRACICABA!
A legítima pamonha caseira com receita mineira!




Hannibal as a boy




(perdi o texto, sobrou a ilustração)


Djavan

Depois que a maioria das pessoas foi embora ficou só uma meia dúzia de teimosos, a Tauani, o Beto, e outros quatro.
Depois da bebedeira todo mundo estava estirado no tapete, curtindo um som, Beto ali perto da Tauani. Se não aproveitasse aquele dia já era, talvez nunca mais. Era só rolar do jeito certo e roubar um beijo. Mas Beto se sentia meio ridículo rolando no tapete, quantas voltas seria preciso dar para chegar à boca da Tauani? É possível que chegasse até ela no meio da rolada, e acertasse a boca dela com a nuca. Levantar-se para dar dois passos estava fora de questão, e a cerveja ingerida não diluía o ridículo.
Enquanto Beto pensava, Djavan cantava:
O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho

Tauani era uma delícia, com uns vícios de linguagem, mas tudo bem. Beto estava para sair rolando no tapete, Djavan cantou:

O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha

Beto não agüentou e disse:
- Peraí, “um lobo andando em círculos para alimentar a matilha?”.
- Que tem? – Tauani perguntou, confusa.
- O lobo devia alimentar a alcatéia.
- Alcatéia?
- Coletivo de lobo. Quem alimenta a matilha é o cão, a não ser que tenham terceirizado.

Depois disso houve uma curta discussão, que não serviu para nada a não ser esfriar o clima. Tauani achou “nada a ver” o que Beto disse, e que “cortou o clima total”.
Naquele dia Beto não beijou Tauani, nem depois, mas aprendeu uma lição, seu escrúpulo em relação à estupidez lhe fecharia muitas portas, e restringiria sua vida sexual durante toda a faculdade.


Divã 1



-Não é porque sou paranóico que não tem ninguém me perseguindo.



Divã 2





Divã 3


-A sensação às vezes é de estar coberto em uma massa pastosa de tédio.



Sugestão para nova propaganda do absorvente Always


Ponto de ônibus, pessoas com cara de quem está esperando o ônibus, seis ou sete.
Uma moça (presilha no cabelo, saia e botas, masca chiclete com a boca meio aberta), que está mais à frente do grupo, parece suar frio, tem um leve tremor, a mulher a seu lado entende, desiste do ônibus e sai de cabeça baixa em passo apertado.
De baixo da saia da moça um gêiser vermelho irrompe e a ergue três, quatro metros do chão, perdendo o equilíbrio, ela cai, bracejando no ar, a poderosa propulsão a faz serpentear que nem um buscapé, borrifa de vermelho as pessoas quem vêem a cena, derruba latas de lixo batendo violentamente contra elas e continua desgovernada.
Um rapaz bem penteado, de blusa nas costas, cara de bom moço, pega algo na bolsa da moça que, neste momento, voa erraticamente, como quando a gente sopra bastante uma bexiga* destas de aniversário e depois solta. O rapaz abre uma embalagem do novo Always Blaster, Mega suction - Mint, e o solta no ar, o engenhoso objeto descreve uma trajetória perfeita, sugando pra dentro de si numa espiral cinematográfica o pequeno maremoto de sangue, o absorvente atinge o alvo e o veda, faz um barulho de canudinho no fim do suco.
O rapaz apanha no ar a moça, um pouco pálida, e  "plect!", e tira o naco de endométrio colado na bochecha dela, ela chacoalha a franjinha, respingando que nem cachorro lavado, rola um beijinho de "meu herói" no rosto, fica a marca vermelha. As pessoas do ponto parecem um pouco as pinturas de Bacon, uma menininha puxa a saia da mãe, como quem diz "eu quero", um office-boy lastima o boné arruinado, um velho sorri a boca murcha, manchada na balbúrdia, e balança a cabeça em aprovação.
Corta de volta para o casal, ele ergue o novo Blaster, Mega suction – Mint como se fosse um Mentos, pisca para a câmera, os dois sorriem, o contraste do branco dos dentes com os rostos rubros é grande.

* leitores cariocas devem troca bexiga por balão, bolacha por biscoito, jujuba por delicado, bala de goma por jujuba. E pronunciar Bléshhhterr.



Mal-entendidos




- Já lhe disse, o senhor está enganado.
- Tem celteza?



A cultura de outros países - capítulo1, Argentina

Em Buenos Aires, as mulheres trazem sempre consigo uma rosa, caso algum cavalheiro se dirija a elas.
Se um rapaz quer saber dela um endereço, por exemplo, toma-a pela cintura, ela põe imediatamente a rosa na boca e joga o corpo para trás, levantando a perna. O rapaz em questão, portenho ou conhecedor dos hábitos locais, segura a moça, e a traz de volta lentamente, sempre perto de si, suas sobrancelhas erguidas sem arregalar os olhos, canastrão-galante-arquetípico, os dois se levantam como duas cobras, olhos nos olhos (tudo bem, nunca vi duas cobras se levantando, não importa).
Ela tira a rosa da boca e joga para cima, ele aproxima o rosto do dela, ela entrelaça sua mão direita na mão do rapaz, aponta (de mãos dadas) e olha repentinamente, numa direção, o rapaz acompanha, olha também, rostos colados, os dois de mãos entrelaçadas, ela diz:
- Calle Cervantes, vaya abajo hasta el extremo de la calle, vuelve a la izquierda.
Lentamente a atmosfera de sedução se desfaz, os dois trêmulos, um suspiro, um frêmito.
- Gracías – agradece o rapaz, que beija a mão da dama e se despede. Ela vai buscar a rosa.

E pronto, segue para o endereço! O perfume dela em suas costeletas...

E em Buenos Aires é assim mesmo leitor, quando viajar já sabe. Disfarce o sotaque. Se ela, ou alguém mais perceber, gritam “cabrón”, “hijo de perra”, e te batem com a rosa.  Já sabe.




A cultura de outros países - capítulo7, Romênia



Na Romênia, e em outros países do leste europeu, predomina um tédio mortal quanto às capacidades e habilidades atléticas, tanto é que as Olimpíadas não têm o menor apelo para os habitantes, os canais de compra e de metereologia batem de longe a audiência de seu único e pobre canal esportivo.
Isto se deve ao fato de serem todos atletas natos, capazes, desde seu nascimento, de surpreendentes acrobacias só possíveis aos demais mediante extenuante treino. Lá ainda é possível ver, embora esteja muito fora de moda, o parto ornamental: os médicos põem na vitrola uma música animadinha, e diante das pernas da mãe coloca-se uma pista de 8 a 10 metros de comprimento, o bebê salta vigorosamente da vagina da mãe, enrolado na placenta, como uma capa, lança-se no ar, rodopiando o cordão umbilical como uma fita, executa saltos e rodopios variados até o fim da pista, volta em saltos mortais de costas, para ser pego pelo médico, que o apanha pelos pés no meio do último salto, e bate na bunda da criança com uma placa, com um “10” simbólico, mesmo que o salto tenha valido menos. Os demais, assistentes e mãe, batem palmas, o bebê comemora, de cabeça para baixo, esticando o corpinho. O salto inicial é invariavelmente de 45 graus, precisão é também um dos fortes dos romenos.
Não se estimula mais esta prática porque eles (os romenos), envergonham-se um tanto dessas habilidades, fáceis que são, e desencorajam sua prática, deste modo, a maioria dos atletas que vemos em exibição, que têm estes países como origem são, na verdade, os menos capazes, sendo motivo de chacota e vergonha para a família. Os mais fanfarrões (velhos e crianças) escarnecem da família do atleta nas ruas dizendo por exemplo: “Olha, eu sou a Nastassia”, e dão um salto triplo, fingindo esforço de modo caricato, provocando o riso dos passantes e desgosto nos familiares.
Na presença de turistas, comportam-se normalmente (como o fazem na maior parte do tempo, pois se esforçam para tal), nota-se facilmente o nervosismo em suas faces, o suor frio quando tocam em alto volume alguma música mais arrebatadora. Nas escolas e nos quartos dos adolescentes o teto é sempre alto, para evitar maiores acidentes.

A intimidade deles também é digna de nota (sem trocadilho), mas estará nos próximos capítulos, sobre o sexo em outras culturas.







Oh, dr. Kinsey!
  

-..e contou de uma amiga dela, obesa mórbida, que reclamava que o marido não tinha mais tesão. Também, imagina...
-Lembra aquela história que eu te contei, de não-sei-quem que tinha uma vizinha obesa mórbida, que tinha umas práticas sexuais alternativas com o marido?
-Como era mesmo?
-Ela acabou soltando em uma conversa que ele não conseguia mais “encontrá-la” do modo regular, e, para dar um jeito, ele punha o foguetinho embaixo do braço dela, e mandava bala.
-Irk, comia o sovaco dela?
-Ou mais para baixo, mas era por ali.
-Ai, que doente.
-Não é lá um troço ortodoxo, mas doente não é.
-Como assim?!
-Por exemplo, o Hotel California, da música.
-Hum.
-O comum em inglês seria California Hotel, como Plaza Hotel. Mas a música popularizou a outra forma, invertida. Se você fizer isso com Hotel Plaza soa mesmo anti-natural, esquisito, porque não se está acostumado.
-Daí...?
-Bem, acho que comer o sovaco dos outros é como dizer Hotel California. Não é uma prática comum, mas não é errado.
-...
-...
-Você está olhando meio esquisito para o meu braço.
-Já parei.




Detetive

  Um barulho vindo da cozinha chamou logo a atenção dos convidados que, tão logo assomaram, encontram o corpo de sua anfitriã estendido no chão, o vestido branco chupava o sangue como um Perfex. Os cacos de vidro e a prataria no chão explicavam o barulho, o forro de mesa ainda preso pela mão retesada. O sangue saía profuso da generosa concussão, visível entre os cabelos muito finos, muito brancos, os convidados se entreolharam com assombro. Se apenas os cinco foram os convidados para o jantar, era fácil concluir que um deles era o assassino. Mas quem poderia ter motivos que justificassem tal horror? Quem dentre os cinco seria o assassino de dona Branca?

Srta. Rosa ficou nauseada, e devolveu o jantar, Puerco Pibil, receita que a vítima fizera questão de apresentar a seus amigos, tão logo voltou do México. O jantar comemorava sua volta, dona Branca “entretivera” os convidados com duas pastas infinitas de fotos, tiradas ao lado de todo e qualquer passante que encontrava, gente de chapéu típico, ponto turístico ou não, mulheres com crianças penduradas nas costas, centenas de mariachis, sempre abraçada a uma garrafa de tequila e a uma das pessoas citadas. E havia fotos por trás das fotos mais entusiasmadas, igual a gente faz, sabe? Quando não é pra mostrar, só pra deixar os outros curiosos, afinal, se não fosse pra ver, nem tava ali mas, enfim...
O professor Black amparava dona Violeta, que revirava os olhinhos e se abanava. O velho coronel Mostarda cofiava o bigode, impassível. O  sr. Marinho, militar aposentado, examinou a concussão e anunciou:
- É, mesgalharo o pote da véia, foi um trem pesado, vlau (Marinho tivera uma educação humilde).
D.Violeta desmaiou de novo. Rosa, cuspindo feijão (que era parte da receita), gritava histérica, apontando para o coronel:
- FOI ELE, FOI ELE, ESSE MISERÁVEL, PEGOU O CANDELABRO E VLAU!
Vomitou de novo.
O desprezo vazava pelo monóculo do velho Mostarda, que disse:
- Eu tava do outro lado da casa, e o candelabro tá aqui, sua burra. Bem que eu queria, mas me passaram na frente...
Tirou o monóculo e limpou.
Breve e pesado silêncio. De repente, o  Black solta a Violeta no chão e diz:
- Tá bom, fui eu, peguei a chave-inglesa Belzer e VLAU!
Segue-se um “OH!’ de espanto, nem tanto pelo espanto, mas é que é história policial. Chato sem um clima quando anuncia o assassino, um “tcham-tcham-tcham-tcham”.

Prof. Black confessa:
_ Puta velha cacete, chata que só fila de banco, e fazer um Puerco Pibil destes! E as fotos sacais então, façam-me o favor!
Srta. Rosa:
- O pibil estava horrível (golfou de novo ao lembrar).
D. Violeta:
Eu só vinha pela coleção do Fradim!
Sr. Marinho:
- Ah, eu tamém...
Mostarda, ajeitando a calça sobre a fausta barriga:
- Sempre achei um porre, sempre fazia tertúlia só pra ler aquelas bostas do Quintana!

Todos aceitaram a sugestão de Black, de ir ao McDonald´s mais próximo, depois voltariam e enterrariam a chata no jardim dela mesma, seria bom adubo. Violeta aceitou a divisão da coleção do Fradim, contanto que ela ficasse com O crepúsculo do mixo, e o outro número, podofílico, do Baixim embaixo da sandália.
Tiraram seis no dado, e foram embora.





Discernimento

Tenho ótimo discernimento, assim como acho que muita gente tem, de verdade. Posso facilmente distinguir o bom do ruim, o certo do errado, isto não é difícil. O diabo é decidir.


TPM

- A TPM da sua namorada é muito brava?
-Quem tem tensão pré-menstrual sou eu, aquilo que ela tem eu não quero saber o nome não.



Propaganda

-Vai ser bom para você fazer exercício físico, depois de um tempo você vai ver que até seu desempenho sexual vai melhorar.
-Mas por um acaso o senhor já me viu transando?



Responda depressa

O sarcófago, come o quê?



Acém com osso

Qualquer pessoa de educação mediana que freqüente um açougue sabe que a civilização é um engodo.
  


Notoriedade

Algumas pessoas almejam fama, outras dinheiro. Outras só querem ser notoriamente incompreendidas.



Para o aspirante a pop star

Se você adquiriu fama o bastante para ser comparado com alguém, nunca será realmente famoso.


Dificuldades práticas

O problema com as grandes idéias e teorias é que tem sempre alguém que quer vinculá-las com alguma prática.



Telefone

-Acho errado que a ligação caia quando você liga para uma pessoa que também está ligando pra você.
-O que você acha que deveria acontecer?
-Que as ligações deveriam ir de encontro uma à outra e se abraçar rodopiando em câmera lenta dentro do cabo telefônico.
-Mas aí quem pagava a conta?
-...
      - ...


História


A História é um tipo de verniz que se passa na Ficção para deixá-la mais atraente.


Aspirações para a vida

O que toda pessoa normal quer é um motivo minimamente bom para exercer sua paranóia.


Revisão

Ditado original:
Há coisas que não se emprestam

Ditado revisto:
Há coisas que não se devolvem


Uma que o Millôr não fez (acho)

Minhas idéias são umas preguiçosas que teimam em ficar esperando sua execução.


Cuidado

Há sempre uma casca de banana à espreita em cada esquina. 

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